Superbactéria é detectada em trecho da Praia do
Flamengo
Micro-organismo, que é resistente a remédios, pode
causar infecções urinária e pulmonar.
Rio
- Bactérias resistentes à maioria dos antibióticos disponíveis foram
encontradas num dos principais rios da cidade, o Carioca. Um dos locais
contaminados fica próximo à Praia do Flamengo e é frequentado por banhistas e pessoas
que gostam de pescar. O alerta de que os micro-organismos saíram do universo
hospitalar e estão no meio ambiente é de estudo do Instituto Oswaldo Cruz
(IOC), da Fiocruz.
dos locais contaminados é na foz do Rio
Carioca, junto à Praia do Flamengo. O ponto é frequentado por banhistas e
pescadores
As bactérias encontradas produzem uma enzima chamada KPC —
característica que impede que os remédios façam efeito contra elas. Em algumas
pessoas, podem provocar males como infecção urinária e pulmonar. Segundo a
pesquisadora do Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do IOC, Ana
Paula D’Alincourt Carvalho Assef, coordenadora do trabalho, o problema das
doenças provocadas por estes micro-organismos é que o paciente não vai ficar
curado com os antibióticos disponíveis nas farmácias. Ana Paula explica que os
poucos medicamentos que conseguem combater as bactérias produtoras de KPC só
estão disponíveis nos hospitais. Um dos fármacos que funciona é antigo e pode
ser tóxico ao paciente.“A grande preocupação é de, no futuro, infecções
corriqueiras serem por essa bactéria e sem antibiótico para tratar de forma
adequada em casa. Isso pode requerer internação hospitalar de todos os
pacientes”, disse, acrescentando que ainda não há registro de infecções por
essas bactérias fora dos hospitais. Os pesquisadores do IOC coletaram amostras
de água em cinco pontos do Rio Carioca, que corta diversos bairros da cidade.
Em três deles havia bactérias produtoras da enzima KPC: Largo do Boticário
(Cosme Velho); antes da estação de tratamento de esgoto da Praia do Flamengo; e
na foz do rio, que deságua na mesma praia. Os micro-organismos encontrados no
rio são classificados como enterobactérias. Algumas pessoas podem ficar
doentes, mas outras podem ter a bactéria no organismo — por exemplo, no
intestino — sem adoecer. Mas como se manter livre desses organismos pequenos,
mas perigosos? A principal regra é ficar longe das águas contaminadas, já que a
entrada da bactéria no corpo pode acontecer tanto pelo contato como pela
ingestão. Ana Paula reitera que nem todos as pessoas ficarão doentes: depende
do sistema imunológico de cada um.
Esgoto hospitalar
A pesquisa faz parte da dissertação de mestrado do
biólogo Carlos Felipe Machado de Araújo, que será defendida em março. Para ele,
a principal hipótese é que as bactérias produtoras da enzima cheguem ao Rio
Carioca por meio do esgoto hospitalar, já que há várias unidades de saúde ao
longo do curso do rio. O caminho é simples: pessoas infectadas com o
micro-organismo usam o banheiro do hospital; as bactérias vão para a rede de
esgoto e, dali, para o Rio Carioca. Para evitar que uma grande quantidade de
bactérias resistentes chegue ao ambiente, diz Carlos Felipe, o ideal seria cada
hospital ter o seu próprio esquema de tratamento de esgoto. “Não há como
afirmar que elas vêm do hospital, mas é o mais provável. Se vier do esgoto
doméstico, a situação é ainda pior, porque será sinal de que há pessoas
infectadas fora do ambiente hospitalar”, diz.
A pesquisa alertou ainda que a Praia do Flamengo fica perto da Marina da Glória, que será palco de competições de vela nas Olimpíadas de 2016. “A água circula e a bactéria vai junto, mas o quanto chegará até a Marina não temos como prever”, disse Ana Paula. Os pesquisadores entraram em contato com o Instituto Estadual de Ambiente (Inea) e foram acionados pelo comitê que organiza os Jogos Olímpicos de 2016. A organização do evento, segundo Ana Paula, se mostrou preocupada com a informação e disse que mantém contato constante com o Inea para saber sobre a balneabilidade das águas onde acontecerão competições.
A pesquisa alertou ainda que a Praia do Flamengo fica perto da Marina da Glória, que será palco de competições de vela nas Olimpíadas de 2016. “A água circula e a bactéria vai junto, mas o quanto chegará até a Marina não temos como prever”, disse Ana Paula. Os pesquisadores entraram em contato com o Instituto Estadual de Ambiente (Inea) e foram acionados pelo comitê que organiza os Jogos Olímpicos de 2016. A organização do evento, segundo Ana Paula, se mostrou preocupada com a informação e disse que mantém contato constante com o Inea para saber sobre a balneabilidade das águas onde acontecerão competições.
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